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Comece pequeno, pense grande, haja rapidamente.

Comece pequeno, pense grande, haja rapidamente.

A Mayo Clinic é uma das mais importantes e respeitadas instituições de saúde do mundo. Não é para menos. Foi fundada há mais de 157 anos nos Estados Unidos com o propósito (na época inovador) de reunir diferentes especialistas em saúde com um objetivo em comum: colocar as necessidades dos pacientes em primeiro lugar. E seguiu fazendo justamente isso desde então, tornando-se no processo o modelo a ser seguido e emulado por milhares de outros sistemas de saúde do planeta.

Hoje, a instituição reúne mais 4500 médicos e cientistas, além de outras dezenas de milhares de provedores e administradores. Não há praticamente nenhum diagnóstico, tratamento, terapia, procedimento ou programa de saúde que não seja oferecido e dominado pelos seus profissionais.

No entanto, em sua história centenária a Mayo Clinic sempre pregou um mote no mínimo curioso para um ecossistema de saúde gigantesco: Comece Pequeno, Pense Grande, Haja Rapidamente (Start Small, Think Big, Move Fast, no inglês).

Foi assim que há pouco mais de dois anos eles decidiram criar uma nova iniciativa, a Plataforma Mayo Clinic. O objetivo era expandir as fronteiras da instituição para muito além das 4 áreas onde ela atuava fisicamente, todas localizadas nos Estados Unidos. E fazê-lo como se fosse uma startup, uma healthtech que acabara de ser fundada.

Para liderar essa nova iniciativa, a Mayo Clinic recrutou o médico e professor de Harvard John Halamka, que há mais de 25 anos atua como emergencista mas também é especializado em medicina e informação. Trabalhou em instituições como a Escola de Medicina da Universidade de Harvard, no hospital Beth Israel em Boston e em diferentes iniciativas do governo norte-americano.

Sua expertise em medicina e informação é mais do que conveniente para gerir a Mayo Clinic Platform, porque, na prática, eles não irão criar novos hospitais e centros médicos em todos os continentes, mas irão expandir seu modelo de cuidado e valores digitalmente, usando mais tecnologia do que infraestrutura hospitalar.

E como estão fazendo isso? Simples, usando seu mote. Um passo acelerado e ambicioso de cada vez. Veja algumas das iniciativas:

  1. Lançar diferentes plataformas para levar a Mayo Clinic à uma atuação global.
  2. Criar tecnologia da informação para a saúde centrada em segurança e privacidade para trazer resultados e tratamentos personalizados.
  3. Unir especialistas para definir a governança, a curadoria, a regulação, os aspectos legais, a gestão de parcerias e modelos de reputação necessários para criar esta nova plataforma de saúde digital.

Desde então, a Mayo Clinic Platform tem colocado em prática, de forma incremental, diversas ações dentro de cada uma das iniciativas acima.

A principal delas é um novo modelo de atendimento médico em casa que, apesar de ainda no começo, a Mayo Clinic tem testado com grande sucesso. Mantendo o mote de começar pequeno, o projeto chamado Advanced Care At Home (Cuidado avançado de saúde em casa, no inglês) tem hoje apenas algumas centenas de pacientes inscritos. No entanto, todes eles são portadores de doenças ou condições físicas que historicamente são tratadas apenas no ambiente hospitalar.

Analisando os dados coletados até o momento durante o projeto, a equipe responsável já consegue afirmar, por exemplo, que as métricas de qualidade e segurança do paciente são as mesmas do tratamento em hospital, há redução na readmissão hospitalar dos participantes e, talvez o menos surpreendente, a taxa de satisfação do serviço é mais alta do que no modelo tradicional — afinal, ter cuidado em casa, o tempo todo ao lado de quem a gente ama, sem perda de referências, parece ser o sonho de todo paciente internado em uma enfermaria.

Todo o sistema é gerido pelo que eles chamam de Command Center, uma camada de tecnologia (tanto de software quanto de hardware) que, junto com um time de paramédicos e outros especialistas treinados para o projeto, trabalham para tornar a casa do paciente em um hospital virtual.

O mais impressionante que a tecnologia usada para entregar o serviço foi criada para um nível básico de conhecimento em tecnologia. Em outras palavras, o paciente não precisa ser um hacker para conseguir ter acesso a todas as plataformas e sistemas associados ao seu cuidado em casa. Aplicativos simples, acessíveis de iPad são a principal interface entre o Advanced Care At Home e seus clientes.

Por isso mesmo, os dasafios que ainda vão atacar são grandes: Como pegar dados de laboratórios? Quem entrega o cuidado? Como ofertar os medicamentos e suprimentos? Enfim, quais os desafios de expandir a estrutura hospitalar fora do hospital.

Em outra frente, a equipe da Mayo Clinic Platform ainda tem criado diferentes algoritmos para identificar e sugerir ações médicas em diversas condições de saúde. Um deles usa a voz do paciente — seja no consultório, pelo telefone ou no cotidiano domiciliar — para detectar doenças neurológicas. O código ajuda uma equipe de médicos e cientistas a alcançar diagnósticos mais precoces e melhorar o entendimento de doenças pela análise da fala.

Mais uma vez, a tecnologia que permite esse algoritmo a chegar até o paciente não é de outro mundo. Os sistemas de diagnósticos digitais da Plataforma Mayo Clinic são todos embarcados em produtos disponíveis em qualquer loja de eletrônicos, como celulares, wearables e tablets.

Mas por isso mesmo que este e outros projetos são, de certa forma, invasivos. Halamka e sua equipe não ignoram este fato e estão especialmente preocupados em criar novos modelos de ética e privacidade na captação destes dados.

Segundo ele, a idéia é reunir uma comunidade de especialistas para criar uma espécie de tabela de informação nutricional para algoritimos e inteligência artificial. Do mesmo modo que podemos escolher comer — ou não — um alimento que tenha muito sódio, poderíamos escolher sermos "alvos" — ou não — de um sistema pela forma como ele foi feito e para o que ele será usado.

O motivo desse esforço todo na nova plataforma não tem nada de revolucionário, no entanto: Halamka é muito claro ao dizer que tudo isso é criado para que médicos de verdade tenham mais tempo para entregar cuidado de excelência, para todos. É fascinante o trabalho. Se alguém quiser saber mais, basta visitar o site da Mayo Clinic (em inglês).

Mas então, o que afinal temos a ver com tudo isso?

O primeiro motivo já está bem claro lá em cima. A Mayo Clinic é uma referência para sistemas de saúde como o Norden e é muito importante estarmos sempre atualizados sobre o que eles andam fazendo por lá em termos de medicina e inovação.

Além disso, nós temos muito a aprender com o modelo "comece pequeno, pense grande, haja rapidamente". É muito raro que uma empresa de 167 anos consiga levar este mote ao pé da letra — tenho até minhas dúvidas se a Mayo Clinic consegue —, mas para uma empresa ainda em crescimento, uma startup de verdade, a frase é, sozinha, quase um manual de sobrevivência e sucesso.

No Norden, estamos um passo de cada vez atacando um por um dos processos e modelos que são a marca das empresas de saúde mais inovadoras do mundo: trabalhamos pela entrega de saúde baseada em valor (no nossos caso, longevidade e qualidade), criamos e observamos de perto a jornada de cuidados de cada um de nossos clientes, verticalizamos os serviços para estarmos perto da sua entrega e qualidade.

O atuação da Mayo Clinic Platform (e de sua empresa mãe) são uma ótima inspiração para colocarmos nossas boas idéias em prática, uma de cada vez, sem nunca parar.

Nota do Editor: parte do conteúdo desta newsletter é baseado na palestra do Dr. John Halamka realizada em 17 de Novembro de 2021 no evento Einstein Frontiers - Inovação, Saúde Digital, Técnologia Médica e Ciência de Dados, promovido pela Eretz.Bio, a incubadora do Hospital Israelita Albert Einstein.

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