Burnout: o Atravessar do óbvio.
Édico Custódio da Silva
26 de jan. de 2022 - Leitura de
2 min
Burnout passou a ser considerado uma doença ocupacional e enraizou-se como estigma e diagnóstico de muitos.
Classificado e divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) no final do mês de dezembro do ano de 2021, vigorando sua intenção no primeiro dia do mês de janeiro do ano de 2022 no CID 11, o transtorno passa a ser considerado doença decorrente do trabalho.
Antes da força e o vigor empregado pela Organização Mundial de Saúde, o transtorno era considerado um problema na Saúde Mental resultando em um quadro psiquiátrico, no ano de 2022 é oficializada como estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso.
A Síndrome de Burnout é alvo de diversas discussões, nesta situação podemos levantar algumas questões na tentativa de compreender seu cerne. Herbert Freudenberger (1926– 1999) psicanalista alemão, criou o termo no ano de 1974, implica na situação de uma pessoa que se depara com a fadiga, cansaço aderida a frustração causada pelas suas inclinações a uma causa, podendo ser um modo de vida ou relacionamento que não corresponde com suas expectativas.
Em relação ao surgimento deste termo, existe o início dos questionamentos, o burnout atualmente habita os contextos organizacionais e do trabalho, anteriormente citado passeia pelos diversos contextos do existir.
Dos modos em que nos colocamos a viver somos convidados a colocar intenção, obviamente sem garantias de retorno com grandes possibilidades de frustrações, das tentativas norteadas pelo ideal o ser humano é também convidado pelo óbvio que ignora pelos embasamentos idealizados sendo atravessado pelas frustrações e adoecendo.
O burnout é um diagnóstico que atravessa o óbvio deixando sua marca escura na busca de compreensão, é um movimento vicioso com muita intenção e força com poucos resultados levando o ser a exaurir, a despejar sua última gota na intenção de alcançar um ideal, é um processo de esgotamento que envolve o ser profissional. É um quadro desencadeado por diversos episódios em que todos os limites são testados.
Sinais comuns do burnout estão caracterizados como: baixa autoestima, insônia, apatia, dificuldade de concentração, negatividade e grande insegurança. Problemas somado são estado físico, também são comuns, como por exemplo Problemas gastro-intestinais, falta de ar, dor de cabeça crônica, transpiração e dor muscular.
O caso com maior destaque e com grande repercussão foi da ginasta norte americana Simone Biles, resultando no abandono de suas atividades na final da ginástica artística feminina nas Olimpíadas de Tóquio no ano de 2020. De acordo com Federação de Ginástica dos Estados Unidos, sua decisão foi pela preservação de sua saúde mental, em um episódio de burnout.
O tratamento envolve o papel fundamental do olhar psicológico na busca de compreender sua atual situação, conhecendo suas limitações e as reorganizando, o amparo pela situação embasando suas buscas, de acordo com a complexidade é necessário intervenção médica auxiliando os movimentos de busca e compreensão.
Além de preocupante é óbvia a necessidade de falar sobre saúde mental e a busca de compreender em qual situação nos encontramos, os movimentos de reprodução ausentes de sentidos autênticos promovem gigantescos processos de frustrações levando a diversas afecções principalmente mentais gerando desequilíbrio ao modo de existência.
O burnout com foco no trabalho ignora o transbordar de sensações em outros contextos, relacionamentos, cuidado com os filhos e os pais ao mesmo tempo, a busca de uma segurança vendida de forma ideal e universal não pensada de forma única e particular quista a qualquer preço esvaindo-se e queimando sem resultados.