Bem-Estar

A influência das redes sociais nos transtornos alimentares

A influência das redes sociais nos transtornos alimentares

As redes sociais fazem parte do nosso dia a dia, nos conectando com amigos, familiares, colegas, fornecendo informações e entretenimento. Mas, com o grande aumento do uso dessas plataformas na última década, também têm surgido questionamentos sobre seus efeitos em nossa saúde mental, no aumento dos transtornos alimentares e na insatisfação com a imagem corporal.

De acordo com a The Eating Disorders Foundation, os transtornos alimentares são condições que podem afetar negativamente a saúde emocional, física e mental de uma pessoa a longo prazo. Eles não devem ser tratados como uma simples fase ou escolha pessoal, mas sim como condições complexas e, em alguns casos, fatais. É essencial que as pessoas que enfrentam transtornos alimentares busquem ajuda profissional para evitar graves implicações para a saúde.

O que são e quais são os principais transtornos alimentares?

O que são e quais são os principais transtornos alimentares?

Um transtorno alimentar é uma preocupação excessiva e prejudicial com relação à alimentação, peso ou aparência que interfere na vida diária. Esses comportamentos alimentares desordenados e os transtornos associados a eles não são exatamente uma escolha; desenvolvem-se devido a uma combinação de fatores, como genética individual, ambiente social e saúde psicológica.

Segundo um levantamento publicado pela Associação Brasileira de Psiquiatria, estima-se que mais de 70 milhões de pessoas em todo o mundo sofram de algum tipo de transtorno alimentar, como anorexia, bulimia, compulsão alimentar, entre outros. No Brasil, cerca de 4,7% da população brasileira é afetada por esses transtornos, podendo alcançar até 10% entre a população mais jovem.

Existem várias patologias que podem gerar uma distorção na imagem corporal e uma mudança severa no regime alimentar. Essas são denominadas transtornos dismórficos corporais e incluem, principalmente, a anorexia, vigorexia e bulimia. O Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) é o mais comum, afetando três vezes mais pessoas do que a anorexia e a bulimia combinadas.

Além desses transtornos, novas patologias relacionadas à autoimagem também estão surgindo, como a ortorexia (a obsessão por uma alimentação saudável) e a drunkorexia (combinação de jejum/compulsão alimentar com abuso de álcool). Geralmente, suas causas estão associadas a outros distúrbios psiquiátricos ou complicações físicas graves.

O que causa um transtorno alimentar?

As causas de transtornos alimentares são complexas e não podem ser definidas de forma simples. Embora o comportamento alimentar e o peso sejam indicadores comuns, a verdadeira fonte é variada e pode incluir fatores biológicos, psicológicos e ambientais. Dentre as causas, os principais fatores que contribuem para o seu desenvolvimento estão:

Genético

  • Histórico familiar de transtornos alimentares;
  • Desequilíbrios químicos relacionados à fome, apetite e satisfação;
  • Traços de temperamento.

Psicológico

  • Baixa autoestima;
  • Depressão e ansiedade;
  • Falta de estratégias saudáveis de enfrentamento;
  • Dificuldade em expressar emoções e sentimentos;
  • Histórico de abuso e trauma;
  • Traços de temperamento como: pensamento obsessivo, perfeccionismo, sensibilidade a recompensas e punições.

Social

  • Pressão social para obter um certo tipo de corpo;
  • Padrões de beleza da sociedade;
  • Influência das mídias sociais;
  • Comentários negativos sobre a estética corporal;
  • Cultura de dietas restritivas.

Independentemente das causas que contribuíram para o desenvolvimento de um transtorno alimentar, todos os casos merecem atenção e devem ser tratados com a ajuda de profissionais especialistas. Dentre os mais procurados estão psiquiatras, nutricionistas e psicólogos.

Como identificar um transtorno alimentar

Mulher mede a cintura: Como identificar um transtorno alimentar

Os transtornos alimentares se apresentam de maneira diferente para cada indivíduo, assim como ocorre em muitas outras condições que afetam a saúde física e mental. Existem vários tipos de transtornos, cada um com características e sintomas específicos. Contudo, veja alguns sinais mais comuns:

  • Isolamento social, depressão e ansiedade;
  • Alterações de peso rápidas ou excessivas;
  • Preocupação excessiva com peso, alimentação, dietas, imagem corporal, exercícios ou nutrição;
  • Eliminar alimentos da dieta, comer em segredo e/ou esconder comida;
  • Exigência extrema com a alimentação e medo de doenças;
  • Perfeccionismo e dificuldade em estabelecer limites pessoais;
  • Distorção da imagem corporal;
  • Sentimento de descontrole em relação à comida; vômito induzido e/ou restrição à ingestão de alimentos.

O tratamento para o transtorno alimentar também é diferente para cada indivíduo, mas em geral envolve uma combinação de tratamento ambulatorial com consultas de acompanhamento psiquiátrico, terapias com psicólogos e nutricionistas, participação em grupos de apoio e, em casos mais graves, hospitalização.

A relação entre as redes sociais e os transtornos alimentares

A relação entre as redes sociais e os transtornos alimentares

Um estudo conduzido pelo Royal Society for Public Health do Reino Unido mostrou que o Instagram é a pior rede social para a saúde mental e o bem-estar das pessoas, principalmente entre jovens. Para essa pesquisa, foram entrevistadas 1.479 pessoas com idades entre 14 e 24 anos, que avaliaram aplicativos populares em quesitos como ansiedade, depressão, solidão, bullying e imagem corporal.

O estudo concluiu que o Instagram pode afetar negativamente a imagem corporal, aumentando a incidência de ansiedade e depressão. Estas, por sua vez, podem influenciar no desenvolvimento de transtornos alimentares. Como em qualquer comunidade humana, os padrões de comportamento que se mostram bem-sucedidos na conquista por status — os likes das redes sociais, por exemplo — geram em todo o grupo uma pressão para reproduzi-los para serem aceitas entre os pares. O problema é que a exposição em massa que ocorre em plataformas como Instagram e TikTok contribui para uma busca por padrões de estilo de vida e estéticos irreais, visto que grande parte dos usuários abusam de filtros e edições fotográficas para ter uma aparência perfeita. Nesse cenário, a frustração é quase inevitável.

Um estudo realizado em 2022 pela Common Sense Media questionou mais de 1300 meninas com idades entre 11 a 15 anos sobre suas percepções acerca das redes sociais. Quando convidadas a falar sobre suas experiências negativas, uma em cada quatro meninas que usam o TikTok (25%), Instagram (26%) e Snapchat (22%) disseram ter experiências diárias de comparação negativa nas redes sociais. Além disso, cerca de metade das meninas que usam o TikTok (52%), Snapchat (50%) e Instagram (53%) relatam sentir pressão para apresentar a "melhor versão" de si mesmas nessas plataformas, com mais de um em cada quatro experimentando essa pressão diariamente no TikTok (27%), Instagram (30%) e Snapchat (28%).

Mas é claro que não existe apenas o lado ruim. No mesmo estudo, duas em cada três meninas disseram utilizar as plataformas diariamente para diversão ou entretenimento, uma parcela significativa das participantes relatou usar as plataformas para se expressarem criativamente, descobrir e aprender coisas novas ou se engajar em atos de ativismo social, inclusive em relação à aceitação corporal.

Aline Vasconcelos, psicóloga do Norden Hospital, destaca que a internet pode ser um ambiente de socialização positiva para pessoas com personalidades introvertidas e até mesmo autistas não diagnosticados. No entanto, ela ressalta que, embora essas relações possam ser benéficas, não há uma interação real, com contato visual e trocas individuais. Isso pode levar à falta de interações sociais essenciais para o desenvolvimento cognitivo e outras habilidades adquiridas por meio de relações presenciais.

Apesar disso, a psicóloga acredita que as redes sociais podem ser grandes aliadas, oferecendo acesso a uma ampla gama de informações úteis para o trabalho e interação social, além de servirem como uma rede de apoio para conectar pessoas que compartilham problemas semelhantes. Ela ressalta que, muitas vezes, quando não somos compreendidos em nosso ambiente familiar ou de amigos, as redes sociais podem nos conectar com outras pessoas e ajudar a construir uma rede de apoio.

Enquanto a presença exagerada nas redes sociais parece ser prejudicial, excluir totalmente esse ambiente social do cotidiano de jovens não parece ser uma solução adequada.

Como combater a influência negativa das redes sociais na imagem corporal?

Os gestores das próprias redes sociais têm se mobilizado para fazer do espaço um ambiente muito mais seguro e confortável. É um começo, mas essas ações ainda estão em desenvolvimento e ainda não são suficientes para combater o problema de forma efetiva.

Uma das medidas que podem contribuir para diminuir os impactos negativos da influência das redes sociais na saúde mental é intensificar campanhas de conscientização sobre os efeitos prejudiciais dessas mídias. É fundamental compreender que as imagens e postagens veiculadas nas redes sociais são frequentemente manipuladas e que as pessoas retratadas não são perfeitas, principalmente aquelas com milhões de likes e seguidores. É crucial também lembrar que a imagem corporal é influenciada por diversos fatores, como genética, cultura, idade e hábitos alimentares saudáveis.

As redes sociais também podem ser utilizadas para promover a saúde mental e a autoestima. Instituições de saúde, influenciadores e celebridades podem usar suas plataformas para compartilhar mensagens positivas sobre a imagem corporal e a saúde mental, além de promover estilos de vida saudáveis e sustentáveis.

Por outro lado, as preferências e estilos de vida dos próprios usuários têm ditado novas regras para os desenvolvedores das redes sociais. De acordo com estudos recentes, os jovens têm demonstrado um crescente desejo de se afastar do mundo virtual e construir relacionamentos significativos no mundo real. Após anos dedicados à construção de suas vidas online, eles agora valorizam a autenticidade e buscam fazer amizades reais baseadas em interesses em comum. Além disso, a privacidade e segurança se tornaram uma preocupação cada vez maior para essa geração, que agora deseja um refúgio da multidão de pessoas nas plataformas sociais — muitas das quais incluem seus pais.

A partir disso, o uso de plataformas baseadas em “in real life” ou IRL — “vida real”, em português — têm se intensificado como uma maneira de inovar o uso das redes e amenizar a toxicidade da vida online. Novos aplicativos como “Be real” e “In Real Life” incentivam os usuários a compartilharem questões reais sobre o dia a dia e criarem conexões sociais genuínas por meio de fóruns de discussão. Toda essa movimentação pode representar uma tentativa de ajustar o uso das redes sociais e estabelecer um maior equilíbrio entre vida real e vida virtual, sem que uma interfira negativamente na outra.

A psicóloga Aline Vasconcelos ressalta que a maturidade emocional é crucial para lidar com as redes sociais, uma vez que são a forma como as utilizamos que pode causar prejuízos, e não as plataformas em si. As redes sociais possuem um poder de influência significativo, podendo alienar e segregar se forem mal utilizadas, e é a partir daí que podem surgir brechas para o desenvolvimento de transtornos emocionais.

Aline Samanta Vasconcelos, Psicóloga clínica
Aline Vasconcelos, Psicóloga clínica

Segundo a psicóloga, “o autoconhecimento é fundamental para encontrar um equilíbrio saudável no uso das redes sociais. Quando estamos em boa saúde emocional, as chances de sermos influenciados negativamente pela internet são menores. Porém, se já temos pontos sensíveis em nosso emocional e somos expostos a situações estressantes na internet, somos mais vulneráveis a sofrer consequências emocionais negativas”.

Mas precisamos considerar também que nem sempre é possível se desvencilhar de maneira saudável da vida virtual e adotar novos hábitos. Este é um caminho longo, mas que vale a pena ser trilhado caso seja preciso.

Por fim, é importante que as pessoas busquem ajuda médica se estiverem sofrendo com transtornos alimentares ou insatisfação com a imagem corporal. Um profissional de saúde mental pode ajudar a entender as causas subjacentes do problema e desenvolver um plano de tratamento adequado.

Cuidados para Saúde Mental

Os transtornos alimentares influenciam diretamente na saúde física e mental, causando prejuízos e sofrimento para aqueles que convivem com a doença. O Norden Hospital em São Carlos oferece todo o suporte necessário para quem precisa, desde especialistas em psicologia e psiquiatria até profissionais da nutrição.

Nossos Planos de Saúde são completos e proporcionam o melhor cuidado para você melhorar a sua qualidade de vida com conforto e segurança.

Agende uma consulta particular, pelo plano de saúde Norden ou um de nossos convênios credenciados.

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