Depressão: como diagnosticar e tratar com eficiência
Equipe NSaúde
23 de mar. de 2023 - Leitura de
6 min
A depressão é um transtorno emocional que pode atingir qualquer um, independentemente da idade, gênero, etnia ou status social. Apesar da sua gravidade, muitas pessoas não dão a atenção necessária para a doença, o que acaba dificultando no diagnóstico e, consequentemente, no tratamento da depressão.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a maior taxa de prevalência de depressão da América Latina e a segunda maior nas Américas. A previsão é que, em 2030, a depressão seja a primeira causa específica de incapacidade funcional no mundo.
Incapacidade funcional é identificada quando um indivíduo tem dificuldade e precisa de assistência contínua para executar ações cotidianas, principalmente se antes as realizava sem a ajuda de outras pessoas.
A pandemia também teve um impacto considerável na incidência de transtornos emocionais. Ainda de acordo com a OMS, as consequências da pandemia tiveram um efeito significativo no aumento dos casos de ansiedade e depressão em 2020, resultando em um aumento de 25% nesses diagnósticos em todo o mundo.
Além disso, uma pesquisa realizada pela Vital Strategies apontou que houve um aumento significativo de 41% no diagnóstico médico de depressão entre o período anterior à pandemia e o primeiro trimestre de 2022. Esse aumento foi mais prevalente entre mulheres, que apresentaram um aumento de 39,3% nos diagnósticos, e também em pessoas com maior nível de escolaridade (12 anos ou mais de estudo), que tiveram um aumento de 53,8%.
A boa notícia é que o paciente pode recuperar sua qualidade de vida quando a depressão é diagnosticada e tratada no tempo certo, com o envolvimento sério e comprometido do paciente, de sua rede de apoio e dos profissionais de saúde envolvidos.
O que é depressão?
De acordo com DSM-5 TR (Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais), a depressão inclui "transtorno disruptivo da desregulação do humor, transtorno depressivo maior (incluindo episódio depressivo maior), transtorno depressivo persistente, transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno depressivo induzido por substância/medicamento, transtorno depressivo devido a outra condição médica, outro transtorno depressivo especificado e transtorno depressivo não especificado” (DSM-5 TR, p. 178).
De maneira geral e simplificada, a depressão é um transtorno biológico que se manifesta em forma de tristeza e angústia. A pessoa deprimida perde o interesse ou prazer em realizar atividades que antes gostava, podendo levar a mudanças bruscas de humor e comportamento, afetando diversas áreas de sua vida (pessoal, familiar, social, profissional, etc.).
Por outro lado, é importante ressaltar que pessoas com depressão podem ter momentos de alegria como qualquer um. As alterações repentinas do humor são, inclusive, um dos sintomas mais comuns da doença. Por isso, o acompanhamento profissional se faz essencial para diagnosticar a depressão ou episódios de tristeza prolongados.
Depressão ou tristeza: como identificar?
O primeiro fator que diferencia o sentimento de tristeza da depressão é a sua condição médica. A depressão tem raiz biológica e é desencadeada por um desequilíbrio químico dos neurotransmissores, como a serotonina, dopamina e noradrenalina, que provocam uma falha na comunicação dos neurônios. Esse desequilíbrio pode ser causado por fatores genéticos, fisiológicos, psicológicos ou ambientais. Em alguns casos necessita de intervenção medicamentosa para restabelecer o equilíbrio químico da função cerebral.
Já a tristeza, assim como a ansiedade, também é um sentimento comum com o qual teremos que lidar por diversas vezes ao longo da vida. Segundo o psicólogo norte-americano Paul Ekman, que estuda as emoções, a função desse sentimento é estabelecer conexões afetivas e sociais. É, portanto, normal nos sentirmos tristes diante de algumas situações como o término de um relacionamento, a perda de um emprego ou de um ente querido. A tristeza é uma emoção passageira que deve ser gerenciada com o apoio de familiares e amigos.
O ponto principal desse tópico é: a tristeza pode ser um sintoma da depressão, mas nem toda tristeza leva à depressão. No entanto, se o sentimento persistir por um longo período de tempo, passar a interferir na qualidade de vida, nos interesses e nas atividades cotidianas da pessoa, pode representar um sinal de depressão. Por isso, é importante estar sempre atento e buscar ajuda profissional se os sintomas persistirem ou piorarem com o tempo.
Como diagnosticar a depressão?
O diagnóstico da depressão é feito a partir da avaliação clínica de um profissional com base na persistência, abrangência e interferência que os sintomas apresentam na vida do indivíduo.
Segundo o DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), os sintomas da depressão incluem:
- Humor deprimido constante;
- Diminuição do interesse ou prazer em quase todas as atividades;
- Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta;
- Diminuição ou aumento significativo do apetite;
- Insônia ou sonolência;
- Agitação ou retardo psicomotor;
- Falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo;
- Sentimentos de inutilidade, culpa excessiva ou inadequada;
- Diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou indecisão;
- Pensamentos de morte ou suicídio.
Se uma pessoa apresenta alguns ou todos os sintomas acima por mais de duas semanas, é recomendado buscar ajuda profissional. A gravidade dos sintomas e o impacto que eles causam no dia-a-dia do indivíduo irão determinar se o episódio depressivo existe, e se é leve, moderado ou grave.
Assim como em outras condições de saúde mental, quando uma pessoa começa a relatar sintomas de depressão, é comum que esses relatos sejam inicialmente recebidos com descrédito por familiares e amigos. Embora essas pessoas possam ter boas intenções, seu ceticismo pode atrasar a busca por ajuda profissional e, consequentemente, retardar o início de um tratamento efetivo.
Como falamos, nem sempre sintomas isolados são sinais de depressão. Ao mesmo tempo, no início do quadro depressivo a conduta da pessoa pode sugerir aos seus familiares que o quadro trata-se de algo passageiro ou até, uma frescura. Com esse estigma, a busca pelo diagnóstico e tratamento adequados pode ser adiada ou nem mesmo considerada.
Enquanto é essencial ouvir quem melhor nos conhece — nossa família e amigos —, eles raramente também são especialistas em saúde mental.
Por isso, é sempre importante lembrar: somente a partir de uma avaliação clínica o especialista poderá determinar o diagnóstico e o método de tratamento mais eficaz para o paciente.
Como tratar a depressão de forma eficiente
O objetivo do tratamento da depressão é erradicar os sintomas da doença e para que o paciente possa voltar a ter a mesma qualidade de vida de antes. Para isso, existem dois tipos de tratamento, o medicamentoso e a psicoterapia, e uma recomendação geral: melhora nos hábitos de vida, principalmente na prática de atividades físicas.
Para os casos mais leves de depressão, o profissional poderá considerar que apenas as sessões de psicoterapias serão suficientes, mas isso pode, claro, depender de paciente para paciente.
A psicoterapia ajudará o paciente a entender a causa da depressão e lidar melhor não com os sentimentos causados pela doença. Esse tratamento também ajuda de forma geral com desafios, emoções e atitudes do dia a dia.
Já em casos de depressão considerados moderados a graves, o protocolo mais indicado é aliar a psicoterapia aos antidepressivos. Dessa forma, o medicamento ajuda a amenizar os sintomas enquanto o psicólogo trabalha na causa dos mesmos.
Os antidepressivos não viciam e o tratamento com este tipo de medicamento não é, necessariamente, para a vida toda (isso depende apenas da avaliação médica profissional). Mesmo assim, tanto a introdução quanto a retirada do antidepressivo devem ser feitas apenas sob orientação profissional, nunca de forma autônoma, uma vez que o manuseamento inadequado do medicamento pode causar efeitos colaterais indesejados.
A psicoterapia aliada aos medicamentos adequados ajudam a manter a doença controlada e permite que o paciente recupere a sua qualidade de vida aos poucos.
Hábitos de vida também influenciam na recuperação. Exercícios físicos regulares, por exemplo, oferecem benefícios que podem ser importantes para quem enfrenta um quadro depressivo: liberam endorfinas que podem aumentar a sensação de bem-estar e essencialmente são uma distração para preocupações e pensamentos que aumentam a ansiedade e a depressão. Gerar mais confiança e melhores relações sociais também são citados como pontos positivos da atividade física.
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