Endometriose: o que é, como identificar e tratar.
Maria Eduarda Pedroso
14 de jul. de 2022 - Leitura de
4 min
A endometriose é um distúrbio no qual um tecido semelhante ao revestimento do útero, o endométrio, cresce fora da cavidade uterina.
Conhecido como implante endometrial, ele pode crescer inadequadamente e comprometer ovários, intestino, trompas de falópio e o revestimento da pelve. As chances de se espalhar além da região pélvica são baixas, mas pode ocorrer.
Neste distúrbio, o implante endometrial age como o tecido do endométrio – ele se rompe e sangra no final do ciclo menstrual. Como esse sangue não tem para onde ir, a área onde se acumula pode ficar inflamada e inchada. Por estar fora da cavidade uterina, esse revestimento não tem como sair do corpo e fica preso.
Quando a doença envolve os ovários, cistos chamados endometriomas podem se formar. Eventualmente, pode-se desenvolver cicatrizes e aderências – faixas fibrosas que podem fazer com que os tecidos e órgãos pélvicos grudem uns nos outros.
A endometriose pode causar dor, às vezes intensa, especialmente durante os períodos menstruais. Problemas de fertilidade também são comuns.
Há quatro estágios desta doença: mínimo, suave, moderado e forte. São classificados de acordo com a localização, número, tamanho e profundidade dos implantes endometriais.
Felizmente, existem tratamentos eficazes e, no decorrer deste artigo, explicaremos a você quais são os principais deles.
Os principais sintomas da endometriose
O principal indicativo deste distúrbio é a dor pélvica, muitas vezes associada à menstruação. Embora muitas mulheres sintam cólicas durante o fluxo menstrual, aquelas com endometriose geralmente descrevem dores muito piores do que o normal. O desconforto também pode aumentar com o tempo.
É importante dizer que o quadro varia. Desde a forma leve da doença com dores agonizantes a casos mais avançados, porém com pouca ou nenhuma queixa.
No geral, os sintomas da endometriose incluem:
- Períodos dolorosos: a dor pélvica e as cólicas podem começar antes e se estenderem por vários dias. Dores na lombar e no abdômen também são comuns.
- Dor na relação sexual: durante ou após o sexo.
- Desconfortos intestinais: mais prováveis durante a menstruação.
- Sangramento excessivo: ciclos menstruais intensos, ocasionais ou sangramento intermenstrual (intervalo entre fluxos).
- Infertilidade: às vezes, a endometriose é diagnosticada pela primeira vez em pessoas que procuram tratamento para infertilidade.
- Outros casos: fadiga, diarreia, constipação, inchaço ou náusea, especialmente durante o período menstrual.
A endometriose, às vezes, é confundida com outras condições que podem causar dor pélvica, como doença inflamatória pélvica (DIP) ou cistos ovarianos.
O distúrbio pode ser uma condição desafiadora para gerenciar. É importante que sejam feitos exames ginecológicos regulares, o que permitirá que o ginecologista monitore qualquer alteração. Um diagnóstico precoce, uma equipe médica multidisciplinar e uma compreensão do seu estado clínico podem resultar em um melhor tratamento dos sintomas.
O que causa a endometriose?
Sua causa exata não é conhecida. Existem várias teorias de fontes confiáveis sobre o assunto, embora nenhuma delas tenha sido cientificamente comprovada.
Uma das hipóteses mais antigas relata que a endometriose ocorre devido a um processo chamado “menstruação retrógrada”, que inclui 90% das mulheres, de acordo com a pesquisa. Isso acontece quando o sangue menstrual flui de volta pelas trompas de falópio para a cavidade pélvica, em vez de sair do corpo pela vagina.
Outra abordagem é a de que os hormônios transformam as células fora do útero em unidades semelhantes às que revestem seu interior, conhecidas como células endometriais.
Entretanto, o desenvolvimento da endometriose também pode estar ligado à genética ou mesmo a toxinas ambientais.
Tratamentos para endometriose
Compreensivelmente, pessoas com essa doença buscam alívio rápido para dor e outros sintomas. Afinal, essa condição pode afetar atividades rotineiras caso não seja tratada.
Opções médicas e cirúrgicas estão disponíveis para ajudar a reduzir os efeitos e gerenciar complicações. As opções de tratamento incluem:
Medicamentos para a dor: analgésicos de venda livre podem ser recomendados, mas não para todos os casos.
Terapia hormonal: pode aliviar dores e interromper a progressão do distúrbio. Essa abordagem ajuda o corpo a regular as mudanças hormonais mensais que promovem o crescimento do implante endometrial.
Anticoncepcionais: diminuem a fertilidade, impedindo o crescimento mensal e o acúmulo do tecido semelhante ao endométrio.
Medicamentos para cortar a menstruação: muitos medicamentos podem ser indicados, mas, com eles, diversos efeitos colaterais começam a surgir, como crescimento excessivo de pelos, ganho de peso, acne, entre outros.
Laparoscopia: também chamada de cirurgia conservadora, é normalmente usada para pessoas que desejam engravidar ou que sofrem de dor intensa, cujos tratamentos hormonais já não funcionam.
Além de diagnosticar a doença, esse método também é usado para remover o implante endometrial anormal ou deslocado. Um cirurgião faz pequenas incisões no abdômen para remover cirurgicamente os crescimentos ou para queimá-los, vaporizá-los.
Histerectomia: se a condição não melhorar com os outros tratamentos, este é o último recurso. Neste procedimento, o útero e o colo do útero são removidos cirurgicamente. Os ovários também podem ser retirados, já que esses órgãos produzem estrogênio, que leva ao crescimento de tecido semelhante ao endométrio. Além disso, o cirurgião remove as lesões visíveis do implante. É normalmente realizada quando o câncer está presente. O útero, colo do útero e a parte superior da vagina são totalmente removidos.
Embora todos esses procedimentos possam tratar a doença, a endometriose não tem cura. Pessoas que passaram por essa situação precisam sempre fazer acompanhamento ginecológico regular e consistente.
O que fazer
A endometriose é uma condição crônica com causa ainda não determinada. E, atualmente, não tem cura. Ao sinal de qualquer sintoma, procure o seu médico.
No entanto, tratamentos eficazes, como medicamentos, terapia hormonal e cirurgia, estão disponíveis para ajudar a gerenciar seus efeitos colaterais e complicações, como dor e problemas de fertilidade, respectivamente. Seus sintomas, geralmente, melhoram após a menopausa.
É importante entrar em contato imediatamente com seu médico de confiança, caso identifique sinais relacionados ao quadro. Assim, será possível iniciar o processo de obter um diagnóstico preciso e, eventualmente, criar um plano de cuidado específico para o seu corpo e planejamento de saúde.