Os homens vão menos ao Médico. Mito ou realidade?
Equipe NSaúde
1 de abr. de 2021 - Leitura de
4 min
A resposta curta é: realidade. Mas isso não basta nem para o NSaúde nem para os nossos leitores. Para responder mesmo a essa pergunta, buscamos os dados em instituições que coletam informações sobre os hábitos de saúde no Brasil e no mundo. E todos os dados indicam que os homens vão menos ao médico e se preocupam menos com o planejamento da sua saúde. E isso tem efeitos negativos em sua longevidade, expectativa e qualidade de vida.
No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada pelo IBGE, enquanto 82% das mulheres visitaram um médico em 2019, 69% dos homens o fizeram no mesmo período.
Essa diferença de mais de 10% demonstra que elas estão mais habituadas a acompanhar sua saúde, mesmo em taxas similares de cobertura em planos de saúde - 53,4% entre as mulheres e 46,6% entre os homens.
Segundo o Ministério da Saúde, sete em cada dez homens só procuram um médico após a insistência da companheira ou dos filhos.
Tanto medicina de mais quanto medicina de menos são prejudiciais à saúde. No entanto, cuidar menos do que deveria de si mesmo pode ter consequências piores para você no longo prazo.
Em regra geral, acompanhar periodicamente o estado de nosso corpo é a melhor forma de encontrar, precocemente, indícios de que algo pode estar errado. Ou, melhor ainda, ter alguma tranquilidade de que tudo corre bem.
Os efeitos da falta de planejamento de saúde podem ser vistos nos dados sobre a expectativa de vida dos homens.
Considerando apenas as principais causas de morte no mundo - doenças cardiovasculares, respiratórias, câncer e diabetes - entre os 30 e 70 anos, indivíduos do sexo masculino têm cerca de 7% a mais de risco de morte do que aqueles do sexo feminino.
A desigualdade entre os sexos na incidência de doenças e morte
No estudo Dados de Morbimortalidade Masculina no Brasil, produzido pelo Ministério da Saúde, em 2015, foram realizadas 5,9 milhões de internações no Sistema Único de Saúde (SUS) na faixa de 20 a 59 anos no país.
Excluindo as internações por gravidez, parto e puerpério, o sexo masculino tem maior número de internações (51%). A maior proporção de internações entre os homens ocorreu na faixa etária de 50 a 59 anos (30%). As principais causas de doenças ou enfermidades na população masculina são:
- Lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas externas.
- Doenças do aparelho digestivo.
- Doenças do aparelho circulatório.
- Algumas doenças infecciosas e parasitárias.
- Doenças do aparelho respiratório.
Com relação à mortalidade, ou causas de morte, o mesmo estudo do Ministério da Saúde traz informações preocupantes sobre o estado da saúde do homem. Cerca de 68% das mortes de pessoas com idades entre 20 e 59 anos foram entre homens.
É importante lembrar que boa parte dessa diferença se deve ao fato de que os homens morrem muito mais do que as mulheres de causas externas. Em 2014, por exemplo, de todas as mortes por armas de fogo e outras, 95% foram entre homens.
No entanto, diferenças igualmente altas aparecem em outras causas de morte, como doenças do aparelho respiratório (70%) e doenças do aparelho digestivo (88%).
Em praticamente nenhum aspecto compartilhado entre homens e mulheres eles têm menos mortalidade ou risco. Em internações, por exemplo, ‘elas’ só superam ‘eles’ em decorrência de gravidez, parto e puerpério, eventos que obviamente não atingem o sexo masculino.
Mas, por que exatamente os homens vão menos ao médico?
Em uma pesquisa online feita pela Cleveland Clinic, uma das maiores instituições de saúde dos Estados Unidos, entre os 1.174 homens acima de 18 anos entrevistados, 72% afirmaram que preferem fazer serviços de casa, como limpar um banheiro ou cortar a grama do jardim, do que ir ao médico.
Mesmo entre os homens que levam seu planejamento de saúde mais a sério, 20% admitiram não terem sido completamente honestos com os seus médicos durante suas consultas.
Os motivos para esta falta de sinceridade variaram entre vergonha (46%), aversão a mudar seus hábitos de vida (36%) e, ainda, não se consideravam prontos para um diagnóstico negativo acerca da sua saúde naquele momento (37%).
Um dos dados mais interessantes desta pesquisa da Cleveland Clinic é que 82% dos homens afirmaram que tentam se manter saudáveis para viver mais ao lado da família e amigos, mas apenas 50% buscam cuidados preventivos ativamente.
Para tentar explicar o mesmo fenômeno, o Ministério da Saúde listou algumas possibilidades para o péssimo hábito masculino de fugir do médico:
- Geralmente tem medo de descobrir doenças
- Não seguem os tratamentos recomendados
- Acham que nunca vão adoecer e por isso não se cuidam
- Não procuram os serviços de saúde
- Estão envolvidos na maioria das situações de violência
- Não se alimentam adequadamente
- Estão mais susceptíveis à infecção de IST/AIDS
- Estão mais expostos aos acidentes de trânsito e de trabalho
- Não praticam atividade física com regularidade
- Utilizam álcool e outras drogas com maior frequência
Se você, homem, se reconhece em um ou mais destes motivos, pode estar na hora de rever suas prioridades.
Principalmente se você tem mais de 40 anos, visitar regularmente seu médico e seguir com disciplina as recomendações do especialista podem ter efeitos muito positivos em sua longevidade e qualidade de vida. Você não é de ferro. ;-)