A importância de controlar a glicose durante uma internação.
Dr. André Luis Gomes
5 de ago. de 2021 - Leitura de
2 min
Em julho o Norden Hospital revisou o protocolo de controle glicêmico dos pacientes internados. Nos baseamos nas mais recentes publicações sobre o tema no mundo e a contribuição da nossa Endocrinologista, Dra. Carla Pallone Gomes, foi essencial para isso.
Conhecer o nosso protocolo para controle dos níveis de glicose do paciente internado é muito importante, porque envolve diretamente sua recuperação e muitas vezes até causa incômodo. Afinal, quem é que gosta de ter as pontas dos dedos furadas de 6 em 6 horas para medir a glicemia enquanto está internado?.
Primeiro, é importante saber que a glicose do sangue em um paciente internado influencia diretamente o processo de recuperação. Seu descontrole pode gerar complicações que prolongam a internação e agravam a doença. A primeira situação que queremos evitar é uma hipoglicemia — quando a glicose do sangue cai abaixo de 70 mg/dl. Casos de hipoglicemia estão associados a mal estar, risco de queda ou até mesmo ter uma parada cardíaca em situações extremas. Sempre que detectamos isso em algum paciente, corrigimos prontamente (se puder comer receberá um suco, algumas bolachas ou um bolinho). Se não puder comer, aplicaremos glicose no acesso venoso.
A segunda situação, que é muito mais comum, é a hiperglicemia — quando a glicose está acima de 140 mg/dl. Mesmo que o paciente não seja diabético, o próprio estresse orgânico causado pela doença ou algumas medicações, como corticóides, podem causar aumento da glicose. Nesse caso, precisamos tratar com insulina subcutânea. Esse é o ponto que assusta muitos pacientes, pois ficam com receio de usarem a insulina e ficarem dependente para sempre. Esse risco não existe. A insulina é utilizada somente durante a internação, para a correção do distúrbio naquele momento. Depois que a doença melhorar e as medicações se ajustarem, a tendência natural é que os níveis de glicose voltem aos valores anteriores à internação e a insulina seja interrompida. A hiperglicemia pode gerar agitação, confusão mental, desidratação e aumentar o risco de infecções hospitalares.
Por fim, outro ponto que causa bastante confusão é quando internamos pacientes que já são diabéticos e usam comprimidos. Nesse caso, suas medicações serão sempre suspensas na internação e trocadas pelo controle com insulina. Isso acontece porque as medicações orais para diabetes não são tão estáveis quanto a insulina. A dose dela pode ser calculada de acordo com o nível de glicose que o paciente tem no exato momento da aplicação e o efeito dela termina, também com exatidão, no momento programado. As medicações orais não podem ser partidas para ajustar de acordo com a necessidade e seu efeito dura muito tempo, sofrendo interferência de outras medicações ou de alterações na função dos rins.
Portanto, aqui no Norden Hospital todos os pacientes internados tem sua glicemia aferida de seis em seis horas. Nosso objetivo é deixar o paciente estável com níveis glicêmicos entre 140 e 180 mg/dl. Dessa forma reduziremos as complicações e propiciaremos a situação ideal para que nossos pacientes se recuperarem.