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Os supercentenários e os limites da longevidade humana.

Os supercentenários e os limites da longevidade humana.

A pessoa mais velha da história foi Jeanne Calment que viveu até os 122 anos e 164 dias. A francesa está no topo da seleta lista dos supercentenários, pessoas com idade confirmada de 110 anos ou mais. Sua expectativa de vida quando nasceu, em 1875, na França, não passava de 45 anos.

Calment viveu muitos feitos históricos até a sua partida em 1997. Jeanne ganhou o título de pessoa mais velha do mundo no "Guinnes Book - O Livro dos Recordes". Desde então, nenhuma pessoa conseguiu confirmar uma idade igual ou maior à dela.

Por que será que a média atual de longevidade humana, cerca de 73 anos, é tão "baixa" em comparação aos 122 anos da Sra. Calment?

A mulher que mais viveu no mundo

Jeanne Calment, maior supercentenária da História, aos 20 anos olhando para o lado com roupas da época.
Jeanne Calment, aos 20 anos (Foto Reprodução: Wikipedia)

Nascida em Arles, na França, no ano de 1875, Jeanne viveu até o ano de 1997. Foram 122 anos de vida. A expectativa de vida de uma mulher francesa era de quarenta e cinco anos naquela época. No mesmo período, aproximadamente um bilhão e quinhentos milhões de pessoas passaram pelo planeta. Calment sobreviveu a todas elas.

Casada, Calment nunca trabalhou, mas levou uma vida ocupada de atividades recreativas, incluindo tênis, patins e caça a javalis. Os Calments viviam em grandes apartamentos acima da loja da família, em Arles, no sul da França.

Quando se aproximou de seu centésimo aniversário, ela ainda estava andando de bicicleta e morando sozinha em seu apartamento, já que viveu mais do que todos de sua família. Aos 112 anos foi morar em uma casa de repouso.

Segundo relatos de pessoas que trabalhavam na casa de repouso, Jeanne mantinha uma agenda rígida, levantando-se às seis e quarenta e cinco, fazendo suas orações, ginástica e ouvindo música clássica. Ela parou de fumar aos cento e dezessete anos, mas nunca deixou de tomar um copo de vinho todas as noites.

Ela viveu durante o mandato de vinte presidentes franceses e sobreviveu a períodos de terrorismo que ninguém sequer se lembrava. Morreu em 4 de agosto de 1997, de causas não especificadas.

Muitos ainda questionam a autenticidade dos documentos que apontam a idade de Jeanne Calment. No entanto, nunca foram capazes de comprovar qualquer fraude.

Atualmente, a pessoa viva mais velha no mundo também é francesa. A freira Lucile Randon tem 118 anos, que atualmente estão em processo de certificação. Até o dia 19 de abril de 2022, o ser humano mais velho vivo era a japonesa Kane Tanaka, com 119 anos completos em 2 de janeiro do mesmo ano.

Lucile Randon, pessoa mais velha do mundo em 2022, sentada olhando para o lado.
Lucille Randon (Foto Reprodução: Franck Bessiere / Hans Lucas)

Mulheres vivem mais que homens?

Em todo o mundo, as mulheres vivem mais do que os homens. Segundo dados globais das Nações Unidas, as mulheres vivem em média 4,5 anos a mais que os homens. Uma das explicações para isso vem de um fator fisiológico importante, chamado de estresse oxidativo.

O estresse oxidativo gera radicais livres. Alguns cientistas acreditam que os radicais livres podem causar danos às células, que é um dos mecanismos subjacentes do envelhecimento. O dano oxidativo é quatro vezes maior em homens do que em mulheres, possivelmente devido a níveis mais baixos de estrogênio.

O hormônio feminino estrogênio tem outros efeitos protetores. O estrogênio aumenta o colesterol bom (HDL) e reduz os níveis de colesterol ruim, diminuindo assim o risco das mulheres de desenvolver derrame e doenças cardíacas.

Por outro lado, o hormônio masculino testosterona aumenta o colesterol ruim (LDL) e reduz o colesterol bom (HDL), expondo mais cedo os homens a um risco maior de Acidente Vascular Cerebral ou doenças cardíacas.

Por volta dos 50 anos, o risco das mulheres de terem um derrame e desenvolverem doenças cardíacas alcança lentamente os homens por causa da queda nos níveis de estrogênio que ocorre após a menopausa. Além disso, segundo inúmeros estudos, os homens vão menos aos médicos do que as mulheres.

Outra razão biológica para a expectativa de vida mais longa das mulheres está no cromossomo X extra. Enquanto os homens têm um cromossomo X e um Y, as mulheres têm dois cromossomos X, que contêm micro RNAs importantes na regulação do sistema imunológico do corpo.

Fatores de estilo de vida ajudam as mulheres a viver mais

Os homens tendem a ser mais competitivos e se envolvem em comportamentos mais arriscados que podem levar a níveis mais altos de estresse e mortalidade. O sexo masculino também é mais propenso a assumir empregos de alto risco que podem contribuir para a morte precoce.

Taxas mais altas de tabagismo e consumo de álcool expõem os homens, principalmente aqueles na faixa dos 40 anos, a um alto risco de ter derrame, hipertensão e doenças cardíacas.

Em termos de padrões alimentares, os homens geralmente preferem carne vermelha e tendem a comer menos vegetais e fibras alimentares. Esses hábitos têm sido associados ao colesterol alto e doenças cardíacas.

A boa notícia é que a diferença de gênero na expectativa de vida diminuiu nos últimos anos. Ao tomar medidas proativas na redução dos fatores de risco para doenças com risco de morte, os homens podem esperar viver mais. Mudanças simples no estilo de vida e hábitos alimentares também podem aumentar o tempo de vida masculino.

Expectativa de vida

Dois idosos praticando exercícios leves.

A expectativa de vida é a principal métrica para avaliar a saúde da população. Mais ampla do que a de mortalidade infantil, a expectativa de vida mensura a longevidade. Ela nos diz uma média do tempo de vida em uma população.

No início do século 19, a expectativa de vida começou a aumentar nos primeiros países industrializados, enquanto permaneceu baixa no resto do mundo. Isso levou a uma desigualdade muito alta na forma como a saúde era distribuída: boas condições de saúde nos países ricos e persistentemente ruim nos países mais pobres. Nas últimas décadas, essa desigualdade global diminuiu. Atualmente, a expectativa de vida mundial está em uma média de 73,2 anos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A desigualdade no tempo de vida ainda é muito grande entre e dentro dos países. Em 2022, o país com a menor expectativa de vida é a República Centro-Africana, com 54,36 anos. No Japão, por outro lado, a expectativa de vida é de 84 anos, quase 30 anos a mais. O Brasil ocupa a 75ª posição, com expectativa média de 76 anos.

5 dicas para uma vida mais longa

A Universidade de Harvard T.H. Chan School of Public Health realizou um estudo para ver os impactos de hábitos saudáveis na longevidade humana. Todas as áreas listadas têm um grande impacto no risco de morte prematura.

Veja como esses hábitos saudáveis ​​foram definidos e medidos:

1. Dieta saudável

Regularidade na alimentação, hidratação, consumo de alimentos naturais e diminuição na ingestão de sal e açúcares são alguns exemplos. Veja outros aqui.

2. Nível de atividade física

Recomenda-se pelo menos 30 minutos por dia de atividade moderada a forte, mas sempre respeitando os limites do seu corpo para conseguir vencê-los sem criar outros problemas físicos.

3. Peso corporal saudável

Buscar um Índice de Massa Corporal (IMC) normal entre 18,5 e 24,9. Neste artigo, falamos um pouco mais sobre esse assunto.

4. Não fumar.

Aqui, nem precisa explicar tanto. O cigarro faz muito mal e todos sabemos.

5. Consumo moderado de álcool.

Hábitos saudáveis ​​fazem uma grande diferença. De acordo com esta análise, as pessoas que preencheram os critérios para todos os cinco hábitos tiveram vidas significativamente mais longas do que aquelas que não tinham.

Os pesquisadores afirmam que a expectativa de vida está totalmente ligada com a quantidade desses cinco hábitos ​​que as pessoas praticavam. Segundo eles, qualquer um dos hábitos — mesmo sozinho — já era o suficiente para estender a longevidade em dois anos, tanto em mulheres quanto homens.

Não chega a ser uma surpresa: quanto mais hábitos saudáveis ​​a pessoa tiver, maior sua expectativa de vida.

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